Tuesday, February 13, 2007

As palavras que fazem sons I

Porque há palavras que nos fazem comprar discos
Porque há palavras que nos fazem ouvir/sentir a música antes de a conhecer

Porque há palavras sobre música que marcam tanto como a própria música
Porque já não há palavras assim

"(...) Melbourne, Austrália. 16 de Julho de 1998. Estou a ver ma estrela a cair. Deve ser pequenina para não se ouvir o barulho. Ou então apagou-se antes de chegar à terra. (...)
Lisboa, Portugal. 10 de Janeiro de 1997. Melodias fundas, com martelos pneumáticos e violinos. Guitarras eléctricas, muitas. Vozes em fitas magnéticas manipuladas. O silêncio insuportável e a visão dos números no CD a andarem para trás, em flash-back assustador. Canções que falam de violência, perseguições, amores esfrangalhados. De tudo junto, ou é só poesia triste e escura poesia ? ... (...)
Um álbum para a noite dos tempos do rock, do trip-hop ou do industrial. Ou como ela própria diz em 'CQD', uma noite em que planetas, aviões e almas colidem". António Pires, 10 de Janeiro de 1997

"(...) Esquecida do mundo, perdida dentro de si própria, lunática e fantasmagórica, entoando frases que parecem perder o sentido na mesma medida em que vão sendo articuladas. Há um verso que resume tudo 'Finalmente cai no buraco negro entre as tuas palavras'
Não há histórias, apenas estilhaços de acontecimentos. Não há pensamentos, apenas imagens esboçadas e logo apagadas. (...) É uma cacofonia seca e desarticulada, que depois vai sendo complementada por programações rítmicas e sessões de cordas e de sopros de uma orquestra clássica. Os ritmos são metálicos e matraqueado, na mais castigadora tradição industrial, enquanto os arranjos de cordas e de sopros reconduzem às abstracções mais extremadas da música erudita.. (...).
Este é o pré-milénio do Norte da Europa, o dinamite que deflagra o grande buraco negro do século XXI". Luís Maio, 1997

14 comments:

Ana M. said...

raras foram as vezes em que alguma vez me deixei levar pelas palavras de alguém para ter de ouvir um disco.

para dizer a verdade... não me lembro de nenhuma... escrita.

a música que me chega e a que melhor me sabe é mesmo aquela que não procuro.

uma questão de vivências,
experiências,
trocas,
pessoas.

acima de tudo, pessoas. as que nos dão, em forma de música um pouco de si mesmas. do seu mundo.
As palavras? a mais das vezes são críticas que nem leio. e não quero saber.

:)

Sea said...
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bitsounds said...

sea e girl afraid mas vocês leram ESTAS críticas ?
Mas vocês conhecem a música ?
Parece-me que a resposta é não para as duas e para as duas questões ...

Há textos simplesmente geniais, claro que cada um depois pode ou não concordar ....

Sea said...
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Ana M. said...

ESTAS críticas li agora.
palavras bonitas, muito belas, mesmo, de facto.

'Finalmente cai no buraco negro entre as tuas palavras'

acho sublime.

a música não conheço mesmo. desconheço.

mas Zito... todos os dias as músicas vêm ter connosco, todos os dias elas apanham-nos em redes, todos os dias temos histórias que fazem a nossa vida mais completa... e é sempre a vida que dá significado às músicas...

que não persigo.

apenas me referi à forma como encaro as críticas e de que forma a música tem a ver comigo e com a minha vida. Só. não tinha rigorosamente nada a ver com ESTA música ou álbum (que não conheço) e com ESTA crítica (que agora conheço - graças a ti - e está muito bem escrita).


beijos

bitsounds said...

não percebi a Sea ...
quando à outra penso que tinha obrigação de identificar a música, mas enfim a dedução não deve ser o seu ponto forte (as palavras devem ser mais a tua onda )

e pronto, eu gosto de criticas e gosto de procurar as músicas ....

Ana M. said...

Let the evening in now
Let the darkness come
Shadows in your room unfold the night
Time to go to sleep now
for every man and child
Tonight you're still protected by the blackness
One was nearly seven
Her sister almost five
You'll tell us all tomorrow, Mary Bell
About how smoothly things went
and how they didn't fight
You're going back there, Mary Bell
And tell us how you found out
what no child should know
Tell us about the killing, Mary Bell
The night is dark above you
The universe is quiet
Tonight you're still protected by the blackness

sempre que acabo de ver um episódio do House sinto-me.... sei lá... mais cáustica... mais... mais... reitero e repito:

"todos os dias as músicas vêm ter connosco, todos os dias elas apanham-nos em redes, todos os dias temos histórias que fazem a nossa vida mais completa... e é sempre a vida que dá significado às músicas..."

e não era assim tão dificil, Mr Cleaver...

beijos

Ana M. said...

ah... e outra coisa...

"quanto à outra?"

"outra"?!?...

pfff....

Sea said...
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sofi said...

Bom, só vi isto agora, mas dynamyte, stina nordenstein? mas podia ser qualquer um dos discos, são todos espantosos...

bitsounds said...

Sofi ?!?
Que surpresa !!!!
Acertaste :D
Eu da Stina só conheço "Dynamite" e o "People Are Strange" um album de versões igualmente assombroso ...

Cinnamon said...

que bonitas palavras engenhosamente compondo este post.

i'm staring out the world!...

Anonymous said...

nordenstam...

António Pires said...

Olá Zito,

Um amigo meu alertou-me para as palavras simpáticas que tem sobre mim (ou neste caso, sobre a minha escrita) neste post; palavras que eu agradeço do fundo do coração. Já não estou no BLITZ há um ano - passei lá vinte da minha vida, chegou... - mas pode ler-me num blog em que escrevo essencialmente sobre world music, folk, música tradicional - Raízes e Antenas.

E, se não se importar, vou linkar o BitSound por lá...

Um abraço